Superlotada
e sem transferências de presos há dois anos, a carceragem da Delegacia
de Ivaiporã (110 km ao sul de Apucarana) assistiu, nesta terça-feira
(12), a mais um episódio decorrente da sua falta de estrutura: os
investigadores da Polícia Civil descobriram, na madrugada, um túnel de
aproximadamente 10 metros que sairia no quartel do Corpo de Bombeiros.
Atualmente, a delegacia abriga 145 internos em um espaço capaz de
receber apenas 40. Cerca de 60 estão condenados e mesmo assim seguem nas
celas.
Reprodução/WhatsApp Grupo Folha
De acordo com o delegado Gustavo Dante da Silva, responsável
pela unidade, o plantonista que assumiu o serviço na noite de
segunda-feira (11) percebeu uma movimentação estranha por volta das
23h30. Ele acionou os colegas, que montaram um cerco no quarteirão
enquanto aguardavam a saída dos presos. Às 5h30 de hoje, os detentos
pararam a escavação e foram surpreendidos pelos investigadores e por
equipes da Polícia Militar (PM). "Eles estavam a poucos centímetros de
sair. Se não tivéssemos agido nesta madrugada, seguramente teríamos a
fuga de pelo menos 50 internos", calcula Silva. Mesmo com a fuga
frustrada, nenhum tumulto foi registrado.
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Desde a manhã, a carceragem passa por reformas realizadas às
pressas para isolar a cela onde o túnel foi iniciado. "Estamos retirando
a terra e os escombros. Apesar de cuidar de presos não ser a nossa
função, estamos trabalhando até de pedreiros para tentar normalizar a
situação o mais rápido possível. É um transtorno muito grande, hoje
paramos todo o nosso trabalho por causa disso", lamenta o delegado.
Enquanto os reparos não terminam, todos os presos estão isolados em uma
área da delegacia. Os trabalhos devem ser concluídos até as 20h.
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Silva também cobra respostas das autoridades e do Governo do
Paraná. "Nossa função é estar nas ruas, investigando. A falta de
estrutura nos obriga a ficar cuidando de presos, o que legalmente não é o
nosso trabalho. Fazemos tudo isso porque queremos ajudar a sociedade a
melhorar, mas a realidade é que a nossa delegacia, como várias outras, é
um verdadeiro barril de pólvora. Faz dois anos que não conseguimos
transferências, nem mesmo dos já condenados", critica.
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