Com a proximidade do julgamento final de seu processo de cassação, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
intensificou as articulações para tentar salvar seu mandato. Suspenso
do exercício parlamentar e sem a presidência da Câmara dos Deputados, o
peemedebista passou a se dedicar mais à sua defesa e tenta reagrupar sua
“tropa de choque” na Casa, dispersa por causa da campanha eleitoral
municipal.
Na semana passada, líderes aliados de Cunha passaram a fazer um
levantamento em suas bancadas para saber quais deputados pretendem
comparecer à votação, marcada para a segunda-feira da próxima semana. O
peemedebista sabe que os parlamentares que estiverem presentes no
plenário dificilmente votarão abertamente a seu favor às vésperas das
eleições. Por isso, articula para que os deputados faltem à sessão.
O movimento de esvaziamento tem como alvo o PMDB e legendas do
Centrão – grupo de 13 partidos liderados por PP, PSD, PTB e
Solidariedade. Para que o deputado afastado seja cassado pelo plenário
da Câmara, bastam 257 votos favoráveis à condenação – a Casa tem 513
deputados. Os parlamentares que se ausentarem, portanto, estarão
ajudando o peemedebista.
Em outra frente, Cunha tenta convencer seus aliados a repetir, na
votação de sua cassação na Câmara, o precedente aberto com o fatiamento
do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, na quarta-feira. A
estratégia é tentar aprovar uma pena mais branda, por meio da
apresentação de uma emenda.
Nesta semana, Cunha também começou a entregar cartas aos deputados na
qual reafirma sua defesa. No documento, diz que já foi punido ao ter de
renunciar à presidência da Câmara, em 7 de julho, e que uma eventual
cassação vai “destruir a vida dele e da família”. “Peço que tome sua
decisão com isenção sobre a sua gravidade, cuja consequência é tamanha, a
ponto de destruir a minha vida e principalmente a da minha família.”
O peemedebista pede ainda que os deputados se atenham ao mérito da
representação que pede sua cassação. Ele lembra que será julgado sob
acusação de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Petrobrás em 2015, de que não possuía contas secretas no exterior; e não
por outras acusações contra ele, que ainda serão julgadas pelo Supremo
Tribunal Federal.
Cunha continua morando em um apartamento funcional da Câmara no fim
da Asa Sul, em Brasília, mesmo estando suspenso do mandato desde 5 de
maio, por decisão do STF. O local passou a ser o escritório político do
peemedebista na capital federal. É lá onde ele passa praticamente todo o
dia durante a semana e de onde despacha com advogados e com aliados.
Campanha. As visitas de aliados, porém, diminuíram com o início da
campanha para as eleições municipais. Um dos principais membros da
“tropa de choque” de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) disse que
ainda não conseguiu visitar o peemedebista no apartamento funcional.
“Tenho me dedicado mais à campanha dos meus aliados no Mato Grosso do
Sul.”
De acordo com aliados, a comunicação entre eles e Cunha está mais
difícil. Embora seja um habitual usuário do WhatsApp, o peemedebista
prefere conversar sobre sua estratégia de defesa pessoalmente. No
entanto, a campanha tem reduzido a ida dos deputados à Brasília, já que
ficam mais nos Estados, para se dedicar às suas próprias campanhas ou à
de aliados.
Cunha costuma passar a semana em Brasília e viaja ao Rio de Janeiro,
cidade onde mora sua família, apenas nos fins de semana Geralmente vai
para a capital federal às segundas ou terças-feiras e volta à capital
fluminense às quintas ou sextas-feiras. Às vezes, altera a rotina e
viaja para São Paulo ou Rio na semana, para acompanhar audiências de
processos dos quais é alvo.
Desde agosto, a maioria dos trajetos passou a ser feito em voos
comerciais, e não mais em jatinhos particulares que Cunha contratava
logo após perder o direito de usar aviões da Força Aérea Brasileira
(FAB). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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